Beatriz Haddad Maia nasceu em 30 de maio de 1996, em São Paulo, de ascendência libanesa. Vinda de uma família com uma forte tradição no tênis, sua mãe e sua avó foram tenistas profissionais, influenciando-a a começar no esporte ainda cedo, aos cinco anos de idade. Esse apoio familiar foi crucial na escolha de sua carreira, servindo como uma motivação adicional para seguir em frente.
Canhota, já se destacava aos 15 anos, quando alcançou a 15ª posição no ranking do circuito juvenil. Foi eleita, por quatro anos consecutivos, a melhor tenista juvenil do Brasil, de 2009 a 2012.
Ao longo de sua trajetória, Beatriz conquistou vários títulos no circuito ITF (Federação Internacional de Tênis), totalizando 26 títulos: 17 em simples e 9 em duplas.
A partir de 2014, começou a competir profissionalmente. Seu primeiro título de relevância foi em duplas, em 2015, e dois anos depois, em 2017, voltou a vencer na mesma categoria, ambas as vezes no torneio de Bogotá. No circuito de simples, ganhou destaque em 2017 ao competir nas chaves principais dos Grand Slams, conseguindo sua primeira vitória em Wimbledon. Esse feito encerrou um jejum de 28 anos sem que uma brasileira vencesse uma partida no torneio. Em 2018, alcançou outra vitória importante em um Grand Slam, dessa vez no Australian Open, avançando pela primeira rodada – algo que não acontecia desde 1965. Apesar de ser eliminada na segunda rodada, ela continuou mostrando sua evolução no circuito.
Com convocações para a seleção brasileira de tênis, Beatriz conquistou vitórias importantes contra tenistas do top 10 do ranking mundial e, em 2019, consolidou-se entre as 100 melhores do mundo.
Lesões e Caso de Doping
- 2013: Sofreu uma lesão no ombro e passou por uma cirurgia devido a uma hérnia de disco.
- 2015: Outra lesão no ombro exigiu uma nova cirurgia.
- 2017: Um acidente doméstico resultou na fratura de três vértebras.
- 2019: Foi suspensa por doping.
- 2020: Submeteu-se a uma cirurgia na mão esquerda para a retirada de um tumor. Em fevereiro do mesmo ano, a ITF reconheceu que o suplemento que Beatriz Haddad havia ingerido estava contaminado, e sua suspensão, que poderia ter durado de dois a quatro anos, foi reduzida para 10 meses. Esse período afastada das quadras resultou em uma queda brusca no ranking, deixando-a fora do top 1000 e tirando suas chances de classificação para os Jogos Olímpicos de Tóquio 2021.
A Persistência de Beatriz Haddad Maia
Apesar das inúmeras lesões, algo comum para atletas de alto rendimento, e da suspensão por doping (da qual foi inocentada posteriormente) que interrompeu sua carreira, ela não desistiu. Para muitos, essa poderia ter sido a fase mais baixa de sua carreira, com a possibilidade de uma aposentadoria precoce ou, no máximo, uma volta discreta, sem o brilho do início. Contudo, ela superou esses desafios com força de vontade e determinação, características essenciais nos momentos mais difíceis.
Beatriz Haddad escolheu recomeçar e continuar lutando para fazer história. Será que ela conseguiu? A resposta é um enfático SIM!
O Recomeço de Beatriz Haddad Maia
Aos 24 anos, Beatriz Haddad Maia enfrentou um dos maiores desafios de sua carreira: retornar à rotina de treinos e competições após uma suspensão que a jogou para a última posição no ranking mundial. Mesmo assim, Bia demonstrou resiliência mental, força física e uma técnica refinada, mostrando a todos sua incrível determinação. Fico imaginando o quanto ela sofreu, talvez tenha chorado por dias, semanas ou até meses, devido à sua suspensão do tênis profissional, esporte ao qual ela se dedicou com tanto empenho e no qual estava brilhando.
Com certeza, houve muitos momentos de reflexão, algo fundamental para a evolução pessoal. Mas, em meio à correria do cotidiano – com trabalho e estudos – muitas vezes não temos tempo para refletir adequadamente sobre as dificuldades que enfrentamos. Entretanto, Bia não se deixou abater por esse momento desafiador. Manteve-se firme, superando as adversidades. Há uma frase que gosto muito e que parece se encaixar perfeitamente na história dela: “Quando a vida lhe der cem razões para chorar, mostre à vida que você tem mil razões para sorrir.”
Com essa mentalidade positiva, ela voltou ao circuito, começando pela última posição do ranking. Em 2021, participou de torneios menores e começou a acumular conquistas importantes.
O retorno às vitórias
Chegou 2022, e com ele vieram os títulos! Bia voltou a saborear as vitórias no circuito profissional logo no início da temporada, em janeiro, quando foi campeã de duplas no Aberto de Sydney. Esse título certamente lhe deu o ânimo necessário para buscar ainda mais conquistas.
E sim, ela conseguiu! No dia 12 de junho, Beatriz Haddad Maia conquistou o maior título de simples de sua carreira até então, no Nottingham Open, disputado na grama, no Reino Unido. Ela se tornou a primeira brasileira a vencer um torneio em quadras de grama desde Maria Esther Bueno. No mesmo dia, no mesmo torneio, venceu também a final de duplas, somando o seu quarto título nessa categoria. Na semana seguinte, ainda no Reino Unido, Bia garantiu mais um título de simples, desta vez no torneio de Birmingham, também jogado na grama.
Embora não tenha tido um desempenho notável nos quatro Grand Slams de 2022, caindo nas primeiras rodadas, ela brilhou em outros torneios importantes. Em agosto, conseguiu chegar à sua primeira final de simples em um torneio WTA 1000, no Canadá. E, para coroar essa campanha histórica, derrotou a número 1 do mundo, a polonesa Iga Świątek, algo que nenhuma brasileira havia feito antes! Apesar de ter ficado com o vice-campeonato, essa performance, aliada aos dois títulos de simples, fez com que Beatriz subisse significativamente no ranking, alcançando a 15ª posição – sua melhor marca até então.
Brilhando também em duplas
Além de seus feitos em simples, Bia também brilhou nas duplas. No WTA 1000 de Guadalajara, no México, fez uma campanha excelente e chegou à final, ficando com o vice-campeonato. Com esses resultados, somados aos dois títulos de duplas conquistados durante a temporada, Beatriz Haddad Maia garantiu a última vaga no WTA Finals em duplas, torneio que reúne as oito melhores jogadoras da temporada, tanto em simples quanto em duplas.
Com isso, se tornou a primeira brasileira da história a se classificar para o torneio. Apesar de não ter conseguido passar da fase de grupos, sua temporada foi marcada por inúmeras conquistas. Vale lembrar que, no ano anterior, ela estava recomeçando a carreira, disputando torneios pequenos e acumulando conquistas modestas. Em 2022, já figurava entre as 20 melhores do mundo em simples e alcançou a 12ª posição no ranking de duplas!
Para coroar esse ano brilhante, Beatriz Haddad Maia foi destaque na revista Forbes, sendo reconhecida como uma das personalidades brasileiras com menos de 30 anos mais promissoras.
A importância do recomeço
Vocês conseguem perceber a importância dos recomeços em nossas vidas? Todos nós enfrentamos momentos em que precisamos recomeçar. A chave está em ter a sabedoria para entender o momento certo de usar esse “bônus” que a vida nos oferece.
Beatriz Haddad Maia soube como poucos aproveitar essa oportunidade. Ela teve a coragem de competir em um dos esportes mais desafiadores do mundo e alcançar conquistas históricas, além de recordes pessoais. O mérito é todo dela, que nunca desistiu e continua firme. Todos nós podemos recomeçar, mas é preciso coragem, principalmente quando não temos o apoio de outras pessoas. Isso pode ser desanimador, mas não devemos desvalorizar nossas conquistas, pois somente nós sabemos o quanto de dor e sacrifício foi necessário para alcançá-las.
Por isso, é fundamental valorizar cada vitória. Dessa forma, vamos estar na verdade, valorizando a vida! Assim como a Bia, devemos aprender com nossos erros e recomeçar quantas vezes for necessário. O erro faz parte do processo de evolução. Não se deixem abater por quem diz “não pode errar”. Claro que podemos! O importante é identificar o erro, aprender com ele e seguir em frente, sempre buscando melhorar.
Beatriz Haddad Maia, mesmo após enfrentar lesões, uma suspensão por doping (da qual foi inocentada posteriormente) e tantas adversidades, continua escrevendo sua história no tênis brasileiro. Ela é um exemplo de como o recomeço pode ser poderoso!