Gustavo Kuerten: História e Seus Principais Recordes e Títulos.

Gustavo Kuerten na conquista da Masters Cup.

Tricampeão de Roland Garros, líder do ranking mundial por 43 semanas e membro do Hall da Fama do Tênis, Gustavo Kuerten, conhecido como Guga, é o maior tenista brasileiro de todos os tempos. Guga deixou sua marca na história do esporte, tornando-se um ídolo tanto no Brasil quanto internacionalmente, conquistou uma legião de fãs, com suas conquistas e seu carisma.

Nascido em Florianópolis em 10 de setembro de 1976, Gustavo Kuerten começou sua trajetória no tênis incentivado por seu pai, Aldo Kuerten. Tragicamente, Guga perdeu seu pai aos 9 anos, após um ataque cardíaco que sofreu durante uma partida de tênis juvenil na qual era árbitro. Perdeu também o seu irmão caçula, que durante o nascimento sofreu de privação prolongada de oxigênio, causadora de dano cerebral irreversível e consequentes deficiências física e mental severas. Guilherme faleceu em 7 de novembro de 2007, vítima de parada cardiorrespiratória.

Desde cedo Guga foi estreitamente ligado à luta diária do irmão, algo que incorporou em sua carreira de tenista: em cada jogo disputado, a partir de 1998, doava duzentos dólares a instituições de caridade; além disso, todos os troféus conquistados eram dados para o irmão caçula (incluindo as três réplicas em miniatura do troféu de Roland Garros).

Quando tinha 14 anos, conheceu Larri Passos, seu técnico pelos 15 anos seguintes. Foi ele quem convenceu o jogador e sua família de que o jovem tenista tinha talento suficiente para se profissionalizar. Ambos – Kuerten e Larri – começaram a participar de torneios juniores no Brasil e no exterior. Em 1995 tornou-se profissional.

O Início das memoráveis conquistas de Guga

Guga conquistou o primeiro de seus 3 títulos em Roland Garros em 1997, dando início à mais vitoriosa carreira de um tenista brasileiro em toda a história. Grande parte da idolatria de Guga veio com seu perfil atípico no mundo do tênis. Cabeludo, o brasileiro usava uma faixa na cabeça e roupas em amarelo e azul. Aos poucos, ele foi surpreendendo os grandes tenistas do mundo.

Na final, Gustavo Kuerten encontrou o espanhol Sergi Bruguera, que havia conquistado Roland Garros em 1994 e 1995. O brasileiro derrotou o bicampeão do Aberto da França por 3 x 0, sagrando-se à época o segundo tenista com o pior ranking a ser campeão de um Grand Slam.

Em 1998 teve como campanhas de destaques indo às quartas-de-final do ATP de Miami em março, em piso duro; foi também às quartas-de-final no Masters de Hamburgo e semifinal no Masters de Roma, ambos no saibro. Em Roland-Garros perdeu na segunda rodada para Marat Safin (que viria a se tornar nº 1 do mundo no ano 2000, e se tornar um dos maiores rivais de Guga) por 3 sets a 2. Em julho, venceu o ATP de Stuttgart e em setembro, o ATP de Mallorca, ambos no saibro.

Já em 1999, em Roland Garros, Gustavo Kuerten foi até as quartas de final, quando perdeu para o ucraniano Andriy Medvedev por 3 x 0. Após dois anos sem conseguir chegar às semifinais, voltou a ser campeão de Roland Garros em 2000. Assim como em seu primeiro título em Paris, o brasileiro eliminou o russo Yevgeny Kafelnikov nas quartas de final. Depois, passou pelo espanhol Juan Carlos Ferrero nas semifinais e venceu o sueco Magnus Norman na final. 

O título do Grand Slam francês ajudou a levar ao topo do ranking mundial de tênis. terminou o ano como número 1 do mundo, após vencer o Masters Cup (atualmente é chamado de ATP Finals) derrotando Pete Sampras na semifinal e Andre Agassi na final. Com o feito em Lisboa, Guga foi o primeiro tenista a vencer Pete Sampras e Andre Agassi num mesmo torneio, e também o primeiro sul-americano a terminar a temporada como líder do ranking.

Guga tricampeão de Roland Garros!

Guga desenhou um coração na quadra em comemoração a grande vitória em Roland Garros.
Guga desenhou um coração na quadra em comemoração a grande vitória em Roland Garros.

Gustavo Kuerten chegou a Paris em 2001 como atual campeão de Roland Garros, e atual n°1. Nas duas primeiras rodadas, eliminou os argentinos Guillermo Coria e Agustín Calleri. Também passou pelo marroquino Karim Alami e pelo norte-americano Michael Russell, confronto que marcou a comemoração mais icônica do tênis mundial.

Ele teve que se superar e conseguir uma grande virada, o brasileiro salvou um Match Point, o placar foi 3 sets a 2 ,dessa forma ganhando uma das partidas mais memoráveis da sua carreira. Vitorioso, o brasileiro utilizou a raquete para desenhar um coração no saibro de Roland Garros e se deitou no centro desse coração, demonstrando todo o seu carinho e amor pelo torneio de Paris.

Reencontrou Yevgeny Kafelnikov. Mais uma vez, o brasileiro derrotou o russo. Na semifinal e na final, Guga bateu os espanhóis Juan Carlos Ferrero e Alex Corretja, sagrando-se tricampeão de Roland Garros. Na final, o triunfo dele sobre Corretja, por 3 x 1, teve direito a um pneu (6 a 0) no quarto set.

Os três títulos em Roland Garros marcaram a sua carreira , mas são apenas algumas das grandes conquistas do tenista brasileiro. Ao longo de sua carreira, Gustavo Kuerten somou 28 títulos, sendo 20 em simples e oito em duplas.

Principais Títulos de Gustavo Kuerten:

Grand Slam

  • Roland Garros (França) – 3 títulos
    • 1997 – Venceu na final Sergi Bruguera.
    • 2000 – Derrotou Magnus Norman na decisão.
    • 2001 – Venceu de Alex Corretja na final.

ATP Finals (Masters Cup)

  • 2000 – Campeão do ATP Finals (antiga Tennis Masters Cup), derrotando Andre Agassi na final.

Títulos de ATP Masters 1000  – 5 títulos

  • Monte Carlo1999 e 2001
  • Hamburgo2000
  • Roma1999
  • Cincinnati2001

Outros títulos ATP (ATP 500 e ATP 250) – 14 títulos

  • ATP de Stuttgart – 1998
  • ATP de Mallorca – 1998
  • ATP de Lyon – 1997, 1999 e 2000
  • ATP de Buenos Aires – 2001
  • ATP de Acapulco – 2001
  • ATP de Auckland – 2001
  • ATP de Costa do Sauípe – 2002 e 2004
  • ATP de Santiago – 2000
  • ATP de Indianápolis – 2001
  • ATP de Chennai – 1999

Recordes e Impacto no Esporte

Gustavo Kuerten alcançou diversas marcas expressivas ao longo de sua carreira. Ele foi o primeiro brasileiro a ocupar a posição de número 1 do ranking mundial e, até hoje, nenhum outro tenista do país conseguiu repetir esse feito. Além disso, seus três títulos de Roland Garros o colocam entre os maiores jogadores da história do torneio. Com três títulos, o brasileiro está atrás apenas do rei do saibro Rafael Nadal, 14 vezes campeão em Paris, e Bjorn Borg, dono de seis títulos.

Guga conquistou a Masters Cup de 2000, um dos torneios mais importantes do calendário da ATP. Essa vitória foi simbólica, pois, ao derrotar ícones como Pete Sampras e Andre Agassi, Gustavo Kuerten se tornou o primeiro sul-americano a terminar a temporada como número 1 do mundo. Esse feito colocou o Brasil no mapa do tênis mundial e elevou sua importância no cenário esportivo.

O Impacto de Guga no tênis brasileiro

Gustavo Kuerten.

Além dos recordes e títulos que conquistou, seu carisma e postura dentro e fora das quadras o tornaram um verdadeiro embaixador do esporte. Muitas crianças e jovens começaram a praticar tênis inspirados por suas conquistas, e ele próprio tem se dedicado ao desenvolvimento do esporte no Brasil, por meio de projetos sociais e iniciativas para a formação de novos talentos.

A história de Gustavo Kuerten é um exemplo claro de que o talento, quando aliado à dedicação e ao esforço, pode transformar destinos. Sua jornada de um jovem promissor em Florianópolis para o topo do ranking mundial é uma narrativa inspiradora sobre superação e determinação.

Além disso, a forma como ele sempre valorizou sua família, especialmente seu irmão Guilherme, que tinha paralisia cerebral, mostra que sua grandeza não se limitava às quadras. Ele frequentemente dedicava suas vitórias ao irmão, reforçando a importância dos laços familiares e do apoio emocional na construção do sucesso.

Gustavo Kuerten é, sem dúvida, um dos maiores ícones do esporte brasileiro. Seu talento, humildade e paixão pelo tênis fizeram dele uma lenda, e sua influência transcende gerações. Seu legado não está apenas nas taças erguidas, mas no amor pelo esporte que ajudou a alastrar no Brasil.

Aposentadoria precoce de Gustavo Kuerten

Em 25 de maio de 2008 jogou no torneio de Roland-Garros em Paris, o que poderia ser seu último jogo na carreira. Ao entrar, todos se depararam com aquele mesmo uniforme de 1997, azul e amarelo, relembrando o feito que o lançou no tênis internacional, a conquista de Roland-Garros do mesmo ano. Antes mesmo da partida começar, estava muito emocionado. 

Salvou ainda no último set um match point a favor de Paul Mathieu, levantando a torcida que ocupava praticamente todos os 15 166 lugares da quadra Philippe Chatrier, a quadra central. Mas, no fim, acabou perdendo por 3 sets a 0 (6/3, 6/4 e 6/2). Mesmo assim foi homenageado com um troféu com as camadas de uma quadra de saibro. Saiu de cabeça erguida, aplaudido.

Gustavo Kuerten anunciou a sua aposentadoria no aberto do Brasil, “Isso é mais difícil do que ganhar Roland-Garros para mim. É muita coisa inesperada, muita emoção. Antes de entrar na quadra, de uma hora para a outra, vieram todas lembranças que o tênis me trouxe. A cada dia que passa, vejo que o tênis simboliza minha vida. Eu amei este esporte, vivi intensamente os anos em que pude jogar meu melhor, vivi mais intensamente ainda os anos em que tive minhas maiores dificuldades, e hoje saio super feliz e satisfeito, e muito orgulhoso por esse carinho que consegui conquistar.”

Guga sofreu a carreira inteira com lesões, que abreviaram sua carreira. Ele sofria de um problema chamado “Síndrome do impacto nos quadris”. De acordo com especialistas, atletas já com uma lesão avançada da articulação dificilmente recuperam o desempenho máximo em suas atividades. “Meu limite realmente foi o corpo. Ainda tenho muita gana de competir e ganhar torneios, mas a parte física complicou bastante. Tentei prorrogar o máximo minha carreira porque sei o quanto represento para o tênis no Brasil.

Em toda sua carreira em simples, Gustavo Kuerten venceu 358 partidas e perdeu 195. Hoje membro do hall da fama do tênis, Guga é um exemplo para todos nós de que o sucesso pode ser conquistado sem perder o carisma e a simpatia.