Andy Murray: História e Seus Principais Recordes e Títulos.

Andy Murray é, sem dúvida, um dos maiores nomes do tênis britânico e mundial. Nascido em 15 de maio de 1987, na cidade de Glasgow, na Escócia, Andrew Murray construiu uma carreira marcada pela resiliência, talento e uma persistência quase obstinada diante dos desafios. Desde cedo, demonstrou aptidão esportiva e foi incentivado por sua mãe, Judy Murray, uma treinadora de tênis. Ainda criança, mudou-se para a Espanha para treinar em academias mais avançadas, uma decisão que demonstrava, desde então, o nível de comprometimento com seus objetivos.

Andy Murray
Andy Murray.

Ascensão no circuito e rivalidade com gigantes

Murray virou profissional em 2005 e rapidamente mostrou ser mais do que uma promessa — ele era uma realidade em construção. Sua estreia no circuito ATP foi marcada por partidas intensas e um temperamento combativo, revelando um atleta que jogava com o coração e com a cabeça. Seu estilo de jogo, predominantemente defensivo, com excelente capacidade de leitura tática e uma movimentação invejável, se destacava pela inteligência estratégica. Ele não era o mais forte fisicamente, nem o mais agressivo tecnicamente, mas compensava com uma precisão cirúrgica, variações de ritmo e uma mente afiada, sempre pronta para explorar as fraquezas dos adversários.

Andy Murray teve a árdua missão de se afirmar em meio à chamada “Era de Ouro do Tênis”, compartilhando o palco com Roger Federer, Rafael Nadal e Novak Djokovic — três dos maiores tenistas de todos os tempos. Estar entre eles não era apenas um privilégio; era também um fardo. Cada um desses rivais tinha características dominantes: a elegância fluida de Federer, a fúria física de Nadal, a consistência implacável de Djokovic. E, ali, entre eles, Murray batalhava com seu próprio estilo, muitas vezes subestimado.

No entanto, ao invés de ser apagado por essas lendas, ele encontrou nelas seu impulso. A rivalidade com Djokovic, especialmente, tem raízes profundas: ambos nasceram na mesma semana, enfrentaram-se desde os tempos juvenis e protagonizaram finais históricas. Cada derrota para seus rivais servia como combustível. Cada crítica, um convite à superação. Murray cresceu exatamente porque não teve caminho fácil. E essa é uma lição que transcende o esporte: crescer no meio dos grandes não é se diminuir, mas sim se reinventar até alcançar o mesmo patamar.

Em 2012, após anos batendo na trave e sendo rotulado como “o melhor entre os que não venceram Grand Slams”, Andy Murray finalmente quebrou essa barreira. Nos Jogos Olímpicos de Londres, jogando em casa, ele conquistou a medalha de ouro com uma performance memorável contra Roger Federer, vingando a dura derrota na final de Wimbledon poucas semanas antes. Naquele momento, a pressão nacional se transformou em consagração, o povo britânico, faminto por um herói do tênis, finalmente encontrou um.

Pouco tempo depois, em setembro do mesmo ano, veio a vitória no US Open. Em uma batalha de cinco sets contra Djokovic, Murray não apenas conquistou seu primeiro Grand Slam, como também rompeu um jejum de 76 anos sem títulos britânicos masculinos em Majors, desde Fred Perry em 1936. Foi um marco não só para ele, mas para toda uma nação que há décadas sonhava com um campeão.

Esse período nos leva a uma reflexão importante sobre o tempo e a dúvida. O esporte, como a vida, frequentemente cobra resultados imediatos, há pouco espaço para processos longos. Andy Murray passou anos sendo testado pela crítica e pela própria insegurança. 

Perguntas como “Será que ele é bom o suficiente?” ecoavam constantemente. Mas quando o momento certo chegou, ele respondeu não com palavras, mas com títulos. E mostrou, com coragem, que a persistência e a paciência constroem legados duradouros, mais do que o talento precoce e as vitórias fáceis.

Títulos de Wimbledon e a segunda medalha de Ouro

A conquista da segunda medalha de Ouro nas Olimpíadas do Rio.
A conquista da segunda medalha de Ouro nas Olimpíadas do Rio.

Em 2013 levou o mais tradicional torneio de Grand Slam, em Wimbledon, Murray enfrentou Novak Djokovic. E apesar de o sérvio ser o favorito para ganhar o título, Andy Murray venceu Djokovic em sets diretos, para se tornar o primeiro tenista britânico de simples a conquistar o título masculino desde Fred Perry em 1936, e o primeiro Escocês a ganhar um título de simples em Wimbledon desde Harold Mahoney em 1896.

Em 2016 teve o melhor ano da carreira, três anos depois de ter vencido o torneio de Wimbledon pela primeira vez e acabar com o jejum britânico de 77 edições, voltou a ficar com o título ao bater o canadense Milos Raonic por 3 sets a 0, parciais de 6/4, 7/6(3) e 7/6(2). Com o resultado, chegou ao seu terceiro título de Grand Slam na carreira.

Nos Jogos Olímpicos do Rio de Janeiro, chegou ao bicampeonato olímpico após uma batalha épica. Pois após quatro horas e dois minutos de jogo, venceu o argentino Del Potro por 3 sets a 1, com parciais de 7/5, 4/6, 6/2 e 7/5, e levou a medalha de ouro. Após essa conquista ele se tornou o único tenista na história a ganhar o ouro olímpico em simples duas vezes.

Em 5 de novembro de 2016, se torna o número 1 do mundo pela primeira vez, ao derrotar o americano John Isner na final do Masters 1000 de Paris. É o primeiro tenista britânico e o 26º tenista da Era Aberta a alcançar o topo do ranking. 

Em seu primeiro torneio como líder do ranking mundial, No ATP Finals, competição que reuniu os oito melhores tenistas do ano no ranking da ATP. Encerrou o ano na primeira posição do ranking mundial ao conquistar o título do Torneio dos Campeões da ATP em sua primeira final do torneio, derrotando Novak Djokovic na decisão por 2 sets a 0 (parciais de 6-3 e 6-4) num jogo que definiu diretamente a posição de número 1 do mundo entre os finalistas. Além disso, Murray quebrou a sequência de 4 títulos consecutivos de Novak no torneio e se tornou o primeiro tenista a derrotá-lo em uma final de ATP Finals.

Principais Títulos:

  • 3 títulos de Grand Slam: US Open (2012), Wimbledon (2013 e 2016).
  • 2 medalhas de ouro olímpicas: Londres 2012 e Rio 2016.
  • 1 título do ATP Finals: em 2016, o que lhe garantiu o posto de número 1 do mundo naquele ano.
  • 14 títulos de ATP Masters 1000: Roma e Paris (2016), Cincinnati (2008 e 2011), Madri (2008 e 2015), Miami (2009 e 2013), Canadá (2009,2010 e 2015), Shanghai (2010,2011 e 2016).

Superação física: a batalha contra as lesões

A partir de 2017, Andy Murray passou a travar uma luta muito diferente daquelas que enfrentava nas quadras: a batalha contra o próprio corpo. O quadril, que por anos suportou movimentos extremos e explosões físicas nas partidas mais intensas, começou a dar sinais de esgotamento. Inicialmente, ele tentou métodos conservadores para lidar com a dor: fisioterapia, tratamentos alternativos e pausas estratégicas no calendário. Mas a natureza da lesão era implacável. As dores se tornaram constantes, não apenas para competir, mas para viver com qualidade.

Chegou um momento em que a aposentadoria precoce parecia inevitável. Mas Andy Murray não desistiu. Ele optou por uma cirurgia radical e arriscada: a implantação de uma prótese metálica no quadril, procedimento raro para atletas de alto rendimento, e quase inédito no tênis profissional. A cirurgia não era uma garantia de retorno competitivo.

Era, antes de tudo, uma tentativa de recuperar sua vida, de poder correr, brincar com os filhos, subir escadas sem dor.

Mesmo assim, poucos meses depois, desafiando as expectativas médicas e as previsões céticas, Andy Murray voltou às quadras. Não como o número 1 do mundo que já foi, mas como um competidor incansável, movido não mais pela necessidade de provar algo aos outros, mas pela paixão pelo tênis. Cada vitória após o retorno, cada partida completa sem dores insuportáveis, passou a ter um valor que não podia ser medido apenas por rankings ou troféus.

Aposentadoria, e um novo desafio!

Murray anunciou sua aposentadoria em julho de 2024, confirmando que os Jogos Olímpicos de Paris seriam seu último torneio. O bicampeão olímpico, de 37 anos, disputou seu último torneio nas Olimpíadas, onde foi eliminado nas quartas de final da chave de duplas.

Meses após o anúncio da aposentadoria, Andy Murray concordou em se juntar à equipe de Novak Djokovic e será seu novo treinador. “É hora de um dos meus adversários mais difíceis entrar para o meu grupo. Bem-vindo a bordo, técnico Andy Murray”, disse Djokovic nas redes sociais.

Nascidos com uma semana de diferença em maio de 1987, ambos subiram ao topo do ranking e batalharam nos maiores palcos do mundo. Djokovic e Murray se enfrentaram em 36 oportunidades, com o sérvio vencendo 25 deles. Os tenistas se encontraram em 19 finais, incluindo sete finais em Grand Slams e as Finais ATP de 2016.

Por fim, Andy Murray pode não ter os mesmos números estratosféricos que Federer, Nadal ou Djokovic. Mas o que o diferencia é sua humanidade visível. Sua raiva nas derrotas, suas lágrimas nas vitórias, seus gestos simples de gratidão, sua luta contra o próprio corpo, e sua recusa em desistir.

O tênis, como a vida, nem sempre recompensa os mais brilhantes, mas sim os mais determinados. E Andy Murray é acima de tudo, um mestre da determinação.