Beatriz Haddad Maia e Suas Conquistas Históricas de 2023

No segundo Grand Slam do ano, Beatriz Haddad Maia conquistou o feito de alcançar a terceira rodada de um torneio desta categoria pela primeira vez. Mas sua jornada não parou por aí; ela foi em busca de ainda mais marcas a serem superadas, conseguindo resultados históricos para o tênis brasileiro. A seguir, vamos abordar dois pontos dessa trajetória inspiradora.

Primeiro Ponto: Meta e Planejamento

Beatriz Haddad Maia estabeleceu como meta inicial alcançar a terceira rodada de um Grand Slam. “Minha primeira meta era alcançar a terceira rodada. Antes do torneio, meu melhor resultado em um Grand Slam foi a segunda rodada. Então eu e minha equipe trabalhamos muito duro para atingir isso”, declarou ela.

Ela foi estratégica e realista ao definir essa meta, mesmo podendo mirar mais alto, como nas oitavas ou até nas quartas de final. Ao traçar um objetivo alcançável, Beatriz evitou pular etapas e se manteve focada no processo. Esse planejamento cuidadoso permitiu que ela evitasse a frustração que poderia vir ao estabelecer uma meta muito elevada e não atingi-la. A abordagem de metas progressivas revela a importância de um bom planejamento para o sucesso.

Segundo Ponto: Resiliência em Jogos Longos

Em Roland Garros, Beatriz teve uma campanha histórica, caracterizada por jogos desafiadores e longos, que testaram sua resiliência. Nas primeiras rodadas, suas vitórias foram conquistadas em três sets (exceto na primeira rodada), com Bia revertendo placares e avançando pela primeira vez à terceira rodada de um Grand Slam.

Beatriz Haddad Maia Comemorando um ponto em Roland Garros.
Beatriz Haddad Maia Comemorando um ponto em Roland Garros.

Nas oitavas de final, Beatriz Haddad Maia enfrentou a espanhola Sara Sorribes Tormo em uma batalha de 3 horas e 51 minutos, a partida mais longa da temporada da WTA até então. Ela saiu vitoriosa de virada, superando cansaço e pressão, e fechando a partida com os parciais de 6-7, 6-3 e 7-5. Emocionada ao final do jogo, ela demonstrou o quanto o tênis exige fisicamente e mentalmente, Atrelado ao amor pelo tênis, se sentiu realizada naquele instante, sabendo que estava fazendo história para o Brasil, porém o mais importante, demonstrando a si mesma que a sua coragem e esforço, floresceu conquistas históricas pessoais.

Nas quartas de final, Beatriz enfrentou a tunisiana Ons Jabeur, então número 7 do mundo. Em mais uma partida longa e repleta de tensão, Beatriz venceu novamente de virada, com parciais de 3-6, 7-6 e 6-1, e se tornou a primeira tenista brasileira em muitos anos a alcançar a semifinal de um Grand Slam. Essa conquista a colocou em um seleto grupo de tenistas brasileiros, ao lado de nomes como Maria Esther Bueno e Gustavo Kuerten.

O feito de Beatriz Haddad Maia é ainda mais significativo pelo simples fato de que no Brasil, não existe apoio ou incentivo no tênis, não há organização, planejamento e paixão! Assim como Guga, Bia não foi estimulada pela sociedade a chegar tão longe. O que ela fez alcançando uma semifinal de Grand Slam é algo pra vibrar e se orgulhar, mas como não existe a visibilidade necessária, foi apenas uma vitória, e como as pessoas só vão reconhecer se ganhar o título, não olhando para as dificuldades que o próprio país colocou, fica por isso mesmo.

Semifinal de Roland Garros e uma Visão de Futuro promissor

A semifinal entre Beatriz Haddad Maia e Iga Swiatek marcou um recorde de audiência para o tênis feminino na TV brasileira, com mais de 1,4 milhão de pessoas assistindo na TV fechada do SporTV 3. Uma grande conquista para o tênis feminino, quebrando ainda mais barreiras, e conquistando admiração e a torcida de vários brasileiros.

A adversária polonesa, número 1 do mundo, trazia um histórico impressionante, com três títulos de Grand Slam e uma sequência de 37 vitórias consecutivas,ou seja, é um fenômeno do tênis feminino, uma tenista com sede de vitórias.

Já de cara temos uma diferença de tempo e sets jogados, até a semifinal, Bia jogou 14 sets, contra 9 da adversária. Já no tempo das partidas a diferença é mais evidente, Iga Swiatek ficou aproximadamente 5 horas em quadra, já a lutadora Beatriz acumulou 12h42min, a vantagem é toda para a polonesa. Assim é um dos diversos desafios do tênis, tem que saber lidar com essas situações, e fazer a sua parte nas partidas.

No primeiro set, Swiatek venceu por 6-2, aproveitando os erros da brasileira, que demonstrava o cansaço acumulado dos jogos anteriores. No segundo set, Beatriz Haddad elevou seu nível e forçou Swiatek a sair de sua zona de conforto, levando a partida ao tie-break. Apesar da luta intensa e da chance de vencer o set, acabou cedendo diante da número 1, que fechou o jogo em 6-2 e 7-6.

Com essa campanha, Beatriz Haddad Maia escreveu um capítulo importante para o tênis brasileiro em Roland Garros, quebrando recordes e ganhando a torcida e admiração de muitos brasileiros. Provando a todos seu esforço, e sua força interior de acreditar em si mesma, figurando pela primeira vez no top 10 do tênis feminino mundial!

O Tradicional Grand Slam de Wimbledon

Após sua excelente campanha no Grand Slam de Roland Garros, onde alcançou as semifinais e deixou marcas históricas, Beatriz Haddad Maia seguiu para a Inglaterra para defender seus títulos nos torneios de Nottingham e Birmingham. No entanto, sentiu uma lesão no joelho logo na primeira rodada e foi eliminada. Para se preservar, optou por não competir no segundo torneio, já que o desgaste das longas partidas em Roland Garros parecia ter cobrado seu preço.

A temporada de grama avançava, e mais um Grand Slam estava no horizonte: Wimbledon, o torneio mais tradicional do tênis. Em Wimbledon, Beatriz alcançou um feito expressivo, chegando às oitavas de final – algo que não acontecia com uma brasileira desde Maria Esther Bueno, em 1976. Ela também se tornou a primeira tenista brasileira na Era Aberta a alcançar as oitavas em dois Grand Slams no mesmo ano. Foi uma vitória de grande significado, especialmente considerando as lesões e desafios anteriores.

Beatriz Haddad Maia não suporta dores na lombar, e abandona partida.

Beatriz Haddad Maia sendo consolada pela sua adversária.
Beatriz sendo consolada pela sua adversária.

Infelizmente, na partida das oitavas de Wimbledon contra Elena Rybakina, Bia teve que abandonar o jogo devido a uma lesão na lombar. Logo no primeiro set, sentiu dores durante um ponto em seu saque e, mesmo tentando continuar, acabou desistindo aos prantos, visivelmente frustrada. Beatriz Haddad Maia estava motivada para enfrentar Rybakina, então número três do mundo e atual campeã de Wimbledon, a outra motivação é jogar pela primeira vez na quadra central. Isso tem um peso enorme na vida de um tenista, é o sonho de qualquer atleta competir na quadra Principal de Wimbledon. Infelizmente, teve que ser interrompido, o que trouxe frustração e tristeza tanto para a tenista quanto para seus fãs.

A brasileira, contudo, mostrou resiliência. Após o ocorrido, destacou a importância de seu aprendizado:  “ Todo jogo que eu ganho ou perco, eu anoto no meu caderninho um aprendizado. Não vai ser diferente agora, Wimbledon foi positivo, foi meu melhor resultado no meu torneio favorito. Eu estava melhorando. Eu mostrei para mim que posso enfrentar jogadoras de alto nível em palcos grandes. Infelizmente aconteceu a lesão, a vida é assim. Altos e baixos. Esquenta e esfria, tenho que encarar as coisas com coragem.”. Esse pensamento demonstra sua força mental, algo que a ajudaria a lidar com altos e baixos na sequência do ano.

A recuperação foi rápida, mas, após Wimbledon, não conseguiu retomar seu melhor tênis, e seus resultados oscilaram. No US Open, outro Grand Slam, foi eliminada na segunda rodada, e, em Guadalajara, sofreu um acidente com o box do banheiro do hotel, precisando tratar cortes nas mãos. No entanto, esses contratempos não impediram que ela lutasse por uma recuperação rápida.

O maior título (até agora) da carreira de Beatriz Haddad aconteceu no último torneio da temporada!

Após passar por várias dificuldades, Beatriz Haddad Maia teve uma virada impressionante no final do ano. No WTA Elite Trophy, um torneio que reúne as melhores tenistas fora do Top 8, a brasileira teve uma campanha de destaque. Superou adversárias fortes e, sem perder nenhum set, chegou à final contra a chinesa Qinwen Zheng, jogando em casa, estava totalmente à vontade. Sobre pressão, Bia encarou o desafio, com toda a sua personalidade. Em um jogo emocionante, ela venceu o primeiro set em um tie-break disputadíssimo por 13-11 e, no segundo set, fechou a partida com coragem e determinação, mesmo diante de uma torcida dominantemente contra. Essa vitória marcou seu maior título até então, coroando o ano com um incrível fechamento de temporada. Para concluir a temporada em grande estilo, no mesmo torneio, ela também conquistou o título de duplas ao lado da russa Kudermetova. Beatriz encerrou o ano em alta, quase dentro do Top 10, terminando na 11ª posição.

Beatriz Haddad Maia com seus dois troféus conquistados.
Beatriz Haddad Maia com seu dois troféus.

Além das conquistas em quadra, Beatriz Haddad Maia foi eleita “Mulher do Ano” pela revista GQ Brasil em 2023, em reconhecimento às suas realizações e seu impacto no esporte. Com uma trajetória marcada pela perseverança e um amor inabalável pelo tênis, Beatriz Haddad Maia é hoje uma inspiração para muitos, refletindo o valor do trabalho duro e da coragem de persistir, mesmo diante de grandes desafios.

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